quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Intensidade

(Gabriel García Marques)

Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja. Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, ......que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas – porque tenho uma mente fértil e delirante – e porque posso achar errado – e ter que me desculpar – e detesto pedir desculpas, embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia. Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crer que é para sempre quando eu digo convicto que nada é para sempre.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Adoro-te

(NS)

- adoro ter a minha mão sobre os teus joelhos enquanto conduzo;
- adoro as tuas risadas;
- adoro quando te atrasas para irmos tomar o pequeno-almoço;
- adoro quando estás deitada perto de mim, dentro do meu abraço;
- adoro a tua cara de felicidade
- adoro os teus olhos, a tua boca, as tuas mãos, e a tua preocupação com as unhas partidas;
- adoro os teus gostos musicais;
- adoro a tua sensibilidade ao andares pelas ruas de Sintra à noite, e depois resultarem numas lágrimas e num abraço forte;
- adoro a tua cara estranha a comer um pastel de nata;
- adoro o teu corpo disponível para mim;
- adoro a tua energia física para nunca te cansares em não dormires, em passeares, e no fim da noite ainda teres capacidade para começar de novo;
- adoro ter um cabelo teu dentro do meu caderno de apontamentos;
- ADORO-TE
 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Insanidade


Não acredito que você viu o vazio.
Que dormiu com a tristeza
Que sentiu o desespero dos sentimentos não verbalizados
E o gosto amargo da solidão
Que sob narcose de tanta dor, contemplou a indiferença brutal de quem cortava as suas unhas.
Não, isso não existe!

Sebo




Sou um livro completo:
Com várias histórias, todo rascunhado
Muitas marcas, envelhecido
Mas que ainda assim se renova a cada nova leitura.


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Epílogo

(Clio)


O vento desfolhou o livro de cabeceira 

e a história se perdeu no tempo. 
Em qualquer página extraviada, 
está o ponto de partida. 
Não importa a direção: 
o sentido nos pertence. 
O desfecho, não.

Sonho de Lisa



Diziam que eu estava com um gênio ruim ao meu lado, que me pesava a alma e o espírito.
Então pensei: se estou possuída, posso fazer valer esta possessão.
Sendo assim, em vez de descer aquelas escadarias, pulei.
E que sensação boa aquela de, apesar de estar presa por aquilo, poder experimentar o poder que, por isso, me foi dado!
Pairei no ar à espera de chegar ao chão.